Durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937—1945) e a Segunda Guerra Mundial (1939—1945), o Exército Imperial Japonês se envolveu nos mais brutais experimentos humanos através da Unidade 731.
Desde o século XIX quando o Japão Imperial iniciou um processo de desenvolvimento tecnológico, industrial e militar, conhecido como Era Meiji, a Nação acabou se envolvendo em diversos conflitos militares até a Segunda Guerra Mundial, como por exemplo: a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), que desencadeou todos os conflitos do Japão com a China até a Segunda Guerra Mundial e uma grande expansão Japonesa na região; Guerra Russo-Japonesa (1904-1905), conflito que teve como motivação a disputa pelo controle de regiões; Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Guerra onde os Japoneses lutaram do lado da Tríplice Entente, e dentro desse contexto, conseguiu expandir seus territórios principalmente em áreas que estavam sobre o controle da Alemanha; Invasão na Manchúria (1931), acontecimento que explodiu uma estrada de Ferro, conhecido como Incidente de Mukden, e que foi usado como pretexto pelos Japoneses para a conquista da Manchúria; e finalmente a Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945), conflito que teve início após o Incidente na Ponte Marco Polo e que desencadeou uma Guerra do Japão com a China, que somente teve fim com a Segunda Guerra Mundial.
Em 06 de agosto de 1945, um bombardeiro B-29, apelidado de Enola Gay, despejou uma bomba de urânio (ironicamente chamada de “little boy”) sobre a cidade de Hiroshima, que explodiu a 570 metros do solo.
"A infecção de doenças venéreas por injeção foi abandonada e os pesquisadores começaram a forçar os prisioneiros a praticar atos sexuais entre si", diz uma testemunha conforme relatado por Hal Gold em Unit 731: Testimony.
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Os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial deixaram um enorme rastro de tragédia na história mundial. Ao todo, mais de 100 milhões de pessoas morreram no mundo todo — por mais que grande parte das batalhas tenha sido travada na Europa. Contudo, um país que também esteve bastante ativo nesse conflito bélico foi o Japão.
Shirō Ishii (石井 四郎 Ishii Shirō, Shibayama, Prefeitura de Chiba, 25 de junho de 1892 – Tóquio, 9 de outubro de 1959) foi um microbiólogo japonês e tenente-general da Unidade 731, uma unidade de guerra biológica do Exército Imperial Japonês, considerada responsável por conduzir experiências com seres humanos e crimes de …
A Unidade 731 posteriormente também ficou conhecida por mutilar prisioneiros chineses ainda vivos e sem anestesia para estudar o funcionamento de seus corpos — até mesmo infectando-os com doenças como cólera e peste bubônica. Em outros casos, o laboratório servia como campo de tiro para testar novos armamentos em alvos vivos.
Após a Segunda Guerra Mundial, em troca de imunidade, muitos cientistas da Unidade 731 concordaram em fornecer suas pesquisas aos Estados Unidos em troca de não serem processados por crimes de guerra. Isso levantou questões éticas e morais sobre o uso de dados obtidos por meio de experimentação humana cruel.
Isso sem contar nas doenças que foram espalhadas. Cólera, febre tifoide, disenteria e antraz eram distribuídas largamente por cidades chinesas. Cerca de 200.000 pessoas morreram em surtos que duraram até 1948. Prisioneiros russos, filipinos e outros chegaram a ser infectados e depois conservados em formol.
Os soviéticos ainda insistiram para que as investigações continuassem, mas como explica Beevor, estas solicitações sobre a importância de investigações no caso da Unidade 731 foram amplamente recusadas: “Os pedidos soviéticos para processar Ishii e a sua equipe no tribunal de Crimes de Guerra de Tóquio foram firmemente rejeitados. Só alguns médicos que anestesiaram e dissecaram tripulações de bombardeiros americanos foram julgados, mas eles não tinham relação com a Unidade 731. Outros médicos militares japoneses fizeram vivissecções em centenas de prisioneiros chineses em diversos hospitais, mas nunca foram julgados. Os profissionais do Corpo Médico japonês demonstraram pouco respeito pela vida humana, pois se dispuseram a acatar ordens de usar os próprios “soldados incapacitados, com grande chance de recuperação […] com o pretexto de que eram inúteis para o Imperador”. Eles também ensinaram os soldados japoneses a cometer suicídio para não serem capturados.”
"O sujeito sabia que estava acabado para ele, então ele não lutou quando o levaram para o quarto e o amarraram, mas quando peguei o bisturi, foi quando ele começou a gritar", disse outra testemunha ao NYT.
NASCIMENTO, Toni. A história da Unidade 731, a tenebrosa unidade de experimentos do Japão. Disponível em: Link – Acessado: 28/02/2021
Durante a Segunda Guerra Mundial os japoneses tentaram e utilizaram muitos de seus conhecimentos adquiridos com experimentos efetuados na Unidade 731 contra seus adversários, como é relatado pelo historiador Beevor: “Em 1939, durante a batalha Nomonhan contra as forças do Marechal Zhukov, a unidade espalhou patógenos do tifo nos rios, mas o efeito não foi registrado. Em 1940 e 1941, cascas de algodão e arroz contaminadas com peste negra foram despejadas de avião no centro da China. Em março de 1942, o Exército Imperial japonês planejou usar moscas da praga contra americanos e filipinos na península de Bataan, mas a rendição ocorreu antes. Mais tarde naquele ano, patógenos de tifo, peste e cólera foram borrifados na província de Chekiang em retaliação pelo primeiro ataque americano com bomba no Japão. Aparentemente, 1.700 soldados japoneses morreram na área, além de centenas de chineses… Um batalhão de guerra biológica foi enviado a Saipan antes do desembarque americano… Também havia planos, confiscados por fuzileiros navais em Kwajalein, de bombardear a Austrália e a Índia com armas biológicas, mas isto não chegou a ocorrer. Os japoneses também planejaram contaminar com cólera a ilha de Luzon, nas Filipinas, antes da invasão americana… A Marinha Imperial japonesa, em suas bases de Truk e Rabaul, fez experimentos com prisioneiros de guerra aliados, principalmente pilotos americanos, injetando-lhes sangue de vítimas de malária. Outros foram mortos em diferentes experimentos com injeções letais. Até abril de 1945, cerca de cem prisioneiros de guerra australianos — alguns doentes, outros sãos — foram usados em experiências com injeções desconhecidas. Na Manchúria, 1.485 prisioneiros americanos, britânicos, australianos e neozelandeses detidos em Mukden foram usados em uma variedade de experiências com patógenos.”
Os prisioneiros eram submetidos a uma variedade de experimentos, incluindo exposição a agentes biológicos e químicos, dissecação sem anestesia, amputações forçadas, congelamento, infecções deliberadas com doenças graves e muito mais. Estima-se que milhares de pessoas tenham sido mortas como resultado desses experimentos.
Um projeto especial da Unidade 731, de codinome Maruta, usou seres humanos para experimentos cruéis. Alguns destes foi conduzido pelo fisiologista Yoshimura Hisato, que tinha um interesse singular pelos efeitos da hipotermia e congelamento.
"Para determinar o melhor curso de tratamento para vários graus de ferimentos por estilhaços sofridos no campo por soldados japoneses, os prisioneiros chineses foram expostos a explosões diretas de bombas", detalha William Lawrence Neuman em 'Understanding Research'.
Mesmo nos últimos anos com o assunto vindo à tona de diversas formas, ele ainda é pouco abordado pelos pesquisadores do tema, existem muitos documentos para serem abertos e, até o momento os familiares e os raros sobreviventes de diversas nacionalidades, esperam por justiça (indenizações e desculpas) pelo que sofreram no período.