Há exatos 30 anos, o Brasil vivia a efervescência da prisão preventiva de PC Farias e uma greve dos professores em São Paulo. No entanto, naquele 3 de novembro de 1993, o que ocupava mesmo a mente de boa parte dos brasileiros era o primeiro show de Madonna ao Brasil.
Às 18h, uma amostra do que nos aguardaria do lado de dentro: uma multidão se espremia tentando formar uma fila para passar pelas catracas, deixando muita gente em pânico. Quando eu e três amigos entramos, uma hora depois, a passagem de som já havia terminado. Nos colocamos da metade do campo para frente, a cerca de trinta metros do palco. O show estava marcado para 21h.
"The Girlie Show foi emocionante. Um delírio visual. A cada música o cenário mudava totalmente. Quando cantou 'Deeper and deeper', a cantora desceu lá do alto em cima de uma gigantesca bola de espelhos. 'La isla bonita' foi o melhor momento do show, com muitos bailarinos, efeitos, luzes e cores, como num musical da Broadway. O Maracanã estava lotado. Mas foi tudo muito bacana. Um astral incrível. As pessoas muito excitadas com a presença da estrela."
"Com a experiência de ter assistido ao Rock'n Rio 1, ao Hollywood Rock, a shows no Maracanã (Paul McCartney e Sting), Canecão, Circo Voador etc. posso afirmar que o show da Madonna em 93 foi uma das piores coisas que já vi.
Proença diz que pisar no gramado do Morumbi lhe emociona até hoje pelas memórias que isso traz à tona. "Ficamos horas no ônibus, pista simples, e eu vim sozinha porque uma amiga precisou fazer uma extração de dente e cancelou de última hora", relembra. "Conheci pessoas no ônibus e, quando abriu o portão, todos nós saímos correndo no gramado, aquela música alta... não tem como esquecer."
Tenho apenas algumas críticas. O palco era muito baixo, apesar de ter ficado bem próximo e de medir 1,75m de altura, não dava para ver a diva direito, a menos que pulasse. Achei um erro lamentável. Houve também muitas tentativas de furto e brigas, porque as vítimas reagiam, provocando correria e empurra-empurra. Numa dessas confusões, várias pessoas caíram no chão, inclusive eu, que luxei meu ombro.
Por causa do calor e da imobilidade que os melhores lugares do gramado acabava gerando, vi muita gente desmaiando desidratada. Nenhum vendedor de bebida chegava onde estávamos. O início do show atrasou meia hora, o que não é costume em eventos internacionais, gerando muitas vaias entre 21h e 21h30m.
Para quem esteve lá, pessoalmente, o que ficou na lembrança foi o quanto Madonna estava feliz no palco. "Ela estava feliz, quis vir ao Brasil conhecer o público com toda a vitalidade e energia", descreve João Beltrão, 47, coordenador de marketing, que estava com 17 anos naquele momento e chegou ao Morumbi após passar horas em um ônibus vindo do Rio de Janeiro.
"Estou aguardando ansiosa o show. Assisti ao de 93, espetacular, ficou marcado. Me lembro tão bem do início do show, de uma dançarina descendo por um corrimão do alto do palco e ela entrando de dominatrix. Já vi os novos figurinos de Givengy, um luxo!"
Em 2015, quando à época do atentado, a cantora e seu filho, David, chegaram a visitar a Place de la Republique. A cantora estava na cidade para a Rebel Heart Tour. “Este é um evento trágico, e lembro-me de cantar com David na Place de la Republique, a última vez que estive aqui com a turnê Rebel Heart — o pouco que pude fazer para reconhecer esta tragédia”, disse ela dura te a apresentação da segunda.
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"Fila extensa, contornando duas vezes o Maracanã. Encontrei os melhores e favoritos amigos, teve um cara que desceu de pára-quedas no meio do povo, sem contar com o show, que foi esplêndido! A Madonna é carioca!"
Mas pela grandiosidade do espetáculo, pelo engajamento político-religioso que o show vai certamente representar e pela oportunidade de ver ao vivo o maior ícone da música pop mundial ainda em ação, vale comparecer ao Maracanã."
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